sexta-feira, abril 29, 2011

A dor da rejeição.


Um estudo recente chegou a conclusão de que a dor física e sentimentos intensos de rejeição social podem "machucar" de forma bastante parecida.

Foi demonstrado que as mesmas regiões cerebrais são ativadas em resposta a experiências sensoriais dolorosas e em intensas experiências de rejeição social.

Quais os limites entre a dor física e a emocional?

O artigo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, e seu principal autor é Ethan Kross, da University of Michigan. Ele comenta: "Em resumo, derramar um copo de café quente sobre si mesmo e pensar sobre como você se sente rejeitado quando você olha para a imagem de uma pessoa que você experimentou recentemente, um indesejado rompimento de relações parece suscitar diferentes tipos de dor. Mas essa pesquisa mostra que elas podem ser mais similares do que pensamos inicialmente".

Os dois tipos de experiência ativam as regiões do cortex somatosensorial secundário e a insula dorsal posterior. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores recrutaram 40 pessoas que experimentaram um rompimento romântico indesejado nos últimos seis meses, e que se diziam se sentir intensamente rejeitadas com o rompimento. Cada participante completou duas tarefas no estudo: um relacionado a seus sentimentos de rejeição e outro à sensações de dor física.

Durante a tarefa da rejeição, os participantes viam uma foto do ex e eram instruídos a pensar em como se sentiram durante o rompimento ou viam uma foto de um amigo e tinham de pensar sobre uma experiência positiva recente que tiveram com a pessoa.

Durante a tarefa de dor física, um aparelho de estimulação térmica era anexado ao antebraço esquerdo dos participantes. Em alguns testes, o aparelho fazia um estímulo doloroso, mas tolerável, semelhante a experiência de segurar uma xícara de café bem quente. Em outros, lançava apenas estimulação quente não-dolorosa.

Enquanto eles cumpriam tais tarefas, eles eram examinados por Ressonância
Magnética. Os pesquisadores analisaram os exames, focando-se no cérebro como um todo e em várias regiões de interesse identificadas em estudos anteriores sobre dor física. Eles também compararam os resultados do estudo a um banco de dados de mais de 500 estudos anteriores de ressonância magnética de respostas do cérebro à dor física, emoção, memória de trabalho, mudança de atenção, memória de longo prazo e resolução de interferências.

A equipe que realizou a pesquisa espera que os resultados ofereçam novos insights sobre como a experiência de perda social intensa pode levar a vários sintomas de dor física e transtornos mentais. E eles apontam que os resultados afirmam a sabedoria das culturas ao redor do mundo que usam a mesma palavra ("dor") para descrever a experiência tanto para a dor física quanto a rejeição social.

Achei esse estudo bastante interesse, pois a área da psicossomática precisa ser muito explorada ainda, e essa pesquisa trouxe dados bem ricos sobre isso. As interações entre as emoções e o corpo ainda são repletas de mistérios. Essa pesquisa mostra que talvez as dores físicas e as "dores da alma" estejam bem mais próximas do que imaginamos.

Gabriele Albuquerque no Blogspot.
FONTE: Physorg.

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