quinta-feira, abril 16, 2015

Refletindo sobre limites e permissividade

Durante a nossa vida adulta e independente de que área da mesma, nem sempre ouvimos somente o sim que desejamos.
Por que então acreditar que as crianças não podem ouvir não?
Crianças desde muito pequenas podem e devem ouvir o não.
Primeiro porque crianças precisam de limites e segundo porque o mundo não irá satisfazer todos os desejos delas, o não acabará sendo natural, seja na escola, no trabalho etc.
Uma criança que não ouve em casa o NÃO, que desde cedo não sabe respeitar as regras e os limites impostos pelos cuidadores, crescem com a falsa ideia de que podem tudo, e ao se deparar com os nãos da vida viverá a frustração, podendo então desencadear uma postura de delinquência...
A permissividade dos pais acaba ganhando uma conotação negativa.
Para impor limites não é necessário agressividade, é possível dar limites com amor, a criança precisa ser muito amada, e desde o início os pais entenderem que com a chegada do bebê o mesmo precisa se adaptar a casa, aos pais e às regras. Não o contrário.
Um bebê não tem discernimento, mas percebe tudo e com o passar dos meses entende e se constitui de acordo com a maternagem oferecida.
Ele é totalmente dependente e são os pais, principalmente a mãe quem irá apresentar o mundo a este pequeno ser.
Se a mãe ou pai só ensina gritando é outro problema! Os filhos são reflexos dos modelos que são os pais.
Por exemplo: Hoje eu estava em uma sala de espera de um hospital e lá tinha um pequeno espaço com brinquedos para entretenimento das crianças. Duas crianças, de três e quatro anos foram brincar... O menino, menor, simplesmente começou com muita agressividade jogar todos os brinquedos como se quisesse destruí-los, a irmã queria brincar e então começaram a brigar, gritavam muito alto, jogavam os brinquedos, choravam e gritavam ao mesmo tempo. Era um escândalo. Crianças saudáveis gritam mesmo, brigam, mas ali estava fora do normal. A mãe presenciava tudo, mexia no celular e às vezes, dizia alto quase gritando: "Para de gritar, fulana* deixa o seu irmão brincar sozinho..."
Só chamava a atenção de um.
Fiquei observando por uns cinco minutos.
A mãe percebeu que todos olhavam e quando a chefe da recepção foi até lá porque a gritaria estava chamando muito a atenção de todo o espaço, a mãe falou:
"Ai eles gritam muito"! Sorrindo.
Fiquei a me perguntar:
Gritam muito por que só dessa forma chamam a atenção da mãe?
Gritam muito por que não estão acostumados a ouvir nãos e desconhecem limites?
Gritam muito por que em casa convivem com adultos que só resolvem as coisas nos gritos?
Sabe, o mundo anda tão violento, tantas coisas acontecendo, crise disso, crise daquilo...
Se cada um fizer sua parte, se dentro de cada lar as crianças encontrarem respeito, amor, harmonia a tendência é se tornarem cidadãos de bem que verão e viverão nas ruas a continuação do que vivem em casa.
Pais querem brigar, discutir um assunto, o faça no quarto distante dos filhos. Não permitam que eles cresçam presenciando brigas e gritarias.
Não se consegue impor limites com agressividade.Com amor dói menos e é melhor digerido.
Paciência após um dia estressante é difícil, mas procura se policiar. Crianças são crianças.
O que acontece dentro de um lar fixa na mente dos pequenos, acarretam traumas!
Ouvi de uma menina de dez anos recentemente que quer ser aventureira quando crescer, conhecer o mundo e não casar, muito menos ser mãe.
Perguntei por que?
Ela respondeu que casamento causa tristeza, brigas e quem mais sofre com isso são os filhos.
Que triste visão essa menina carrega, pois vive em um lar com muitas brigas, gritarias, ciúmes...
Como fala uma frase conhecida que desconheço a autoria: ... Todos querem um mundo melhor para os filhos, que tal deixar filhos melhores para o mundo?

Por Psicóloga Deise Barreto

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